27.11.20

THAMES RIVER


Compreendo teu murmúrio silencioso,
porque a tua milenar solidão
com a minha se alinha na multidão.

Decifro afetuoso e límpido o teu leito,
plenas de vida as tuas águas,
como espelho do meu exílio e mágoas.

Apiedo-me das tuas cicatrizes
sulcadas em tuas correntezas,
como marcas das minhas incertezas.

Vislumbro-te gigante, universal,
carrego-te ao oceano, Tejo e Sado,
em meu navegar desvairado.

Compreendo-te enfim, solidário amigo,
humana caridade de quem nos leva
a memória de uma última quimera.

J.C.Lopes




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