RELEVOS
És tu, poeta, um erro essencial,
um acidente malfadado do acaso
na alegoria de um pecado original,
um subproduto imprudente do descaso.
Vela o vazio atávico em teus nervos,
o teu sono irrequieto pelo penhor da miséria,
longa passarela de enganos e estercos
a fertilizar as tuas ignóbeis lérias.
Pactuas com a morte, poeta nefasto,
a provisão de vida em teu repasto,
teu veneno decantado em alimento.
Concede ao menos, ao passar do vento,
o espargir da tua imagem de degredo
na quietude intangível dos relevos.
J.C.Lopes
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