30.11.20

LIÇÕES


Foi dos teus lábios que aprendi o silêncio
quando cessei todos os cânticos de um futuro,
ali, ao supremo encanto das mãos que se enredavam,
ao tímido gesto acobertando os nossos pavores,
ao leito das lágrimas abandonadas em teu rosto.

Foi do teu sorriso que decorei a saudade
quando aglutinei todos os ecos de um passado,
aqui, onde a memória encena o seu adágio,
onde confissões recriam remotos cenários,
onde me calo e curvo ante ao vazio das naves.

Será do teu seio que esperarei ouvir algum murmúrio
quando os teus braços copiarem bruma e horizontes,
algures, entregue aos relevos diáfanos do teu corpo,
desamparado ao capricho dos céus e relentos,
descurado ao semblante outonal de uma lenda.

Foi o silêncio que aprendi dos teus lábios
quando disseste o futuro cessando todos os cânticos,
algures, onde as mãos desafiaram todos os enredos,
aos nossos pavores largando-nos ao rumo dos receios,
entregue a ventos e aluviões que irradiaram os teus aromas.

J.C.Lopes




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