25.11.20

INSIGNIFICANTE


Largando a voz num discorrer incauto,
talvez assim eu fuja dessa ardência
e de tudo que me atesta a complacência
cotidiana a uma lenta morte sem laudo.
 
Florescendo lírios da augusta existência,
talvez insista por teus olhos neste instante
e esqueça o significado insignificante
das palavras de uma vida sem valência.
 
Repelindo sonhos na audácia do rompante,
talvez entenda o convite ao abismo
e provoque abalos na intimidade do sismo
às catedrais fracionadas no desplante.

Quanto mais assim de tudo eu disto,
mais me abrangem brumas e sombras,
sílfides no tormento que se alonga
entre brisas e glóbulos em que me dispo.

J.C.Lopes



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