INSIGNIFICANTE
Largando a voz num discorrer incauto,
talvez assim eu fuja dessa ardência
e de tudo que me atesta a complacência
cotidiana a uma lenta morte sem laudo.
Florescendo lírios da augusta existência,
talvez insista por teus olhos neste instante
e esqueça o significado insignificante
das palavras de uma vida sem valência.
Repelindo sonhos na audácia do rompante,
talvez entenda o convite ao abismo
e provoque abalos na intimidade do sismo
às catedrais fracionadas no desplante.
Quanto mais assim de tudo eu disto,
mais me abrangem brumas e sombras,
sílfides no tormento que se alonga
entre brisas e glóbulos em que me dispo.
J.C.Lopes
Sem comentários:
Enviar um comentário